sexta-feira, 24 de junho de 2011

Meia-noite no Pacaembu

No mágico Meia-noite em Paris – filme doce até a última gota de chuva, que só poderia ter saído da patisserie de Woody Allen , o escritor Gil Pender viaja até a França dos anos vinte, lugar/época em que sempre sonhou ter vivido, e esbarra com vários craques flanando pelos bares e cafés da cidade: Cole Porter, Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Salvador Dali, Luis Buñuel, Pablo Picasso...

Sonho ou desejo semelhante, causou a decisão da Taça Libertadores, entre Santos e Peñarol. Como teria sido delicioso ver o time de Pelé, Coutinho, Pepe e companhia alvinegra dando a bola contra os valentes aurinegros uruguaios nos míticos anos sessenta. Ao som dos Beatles, dos Rolling Stones, da Jovem Guarda.

Mas logo sonho e desejo derretem feito uma pintura surrealista quando penso num cenário sem tevê por assinatura, internet e todas as cores dos anos oitenta. Por isso, é melhor deixar a máquina do tempo na Paris de Woody e me contentar com os meninos da Vila  versão 2011 , que levaram o Santos ao tricampeonato da América.

Não foi fácil. O jogo começou nervoso. Tão nervoso que até Neymar mostrou as travas de sua chuteira para um adversário. Sorte que o árbitro deixou o lance passar, como certa vez passou uma inesquecível cotovelada de Pelé, também num jogador uruguaio. E o primeiro tempo acabou no zero  resultado dos pés descalibrados do Santos e da marcação aguerrida do Peñarol.

Veio o minuto inicial do segundo tempo e, com ele, a arrancada de Arouca, o calcanhar de Ganso, o chute seco e sem firulas de Neymar, a falha do goleiro uruguaio, o gol que abriu o caminho para o título. Era o que faltava para a torcida santista explodir de felicidade – e o Peñarol sair da retranca.

Daí em diante, com espaço para contra-atacar e mais tranquilidade, o jogo do time paulista fluiu melhor. O gol do jovem Danilo, aos 23 minutos, praticamente resolveu a partida. Pois nem o gol contra do bom quarto-zagueiro Durval, aos 34, pareceu ter tirado a certeza de que a vitória seria do Peixe.

(Quase) à meia-noite, o apito final: o Santos voltava a ser o melhor do continente, depois de quase cinco décadas. Com todos os méritos, erguia o troféu um time de garotos que, como boas madeleines, nos fizeram lembrar de um passado relativamente distante, em que nosso futebol era sinônimo de arte. Só faltava mesmo o Rei entrar em campo para a nostalgia ser completa. Bom, não faltou.

7 comentários:

Luana disse...

Nossa, bastante inspirador, é de sua autoria? =)

To seguindo o blog.

Gabriel Pozzi disse...

gostei muito do post, primeiro pq assisti Meia Noite em Paris e não perdi o paralelo que vc fez, muito bem pensado!
embora eu não tenha um sonho de voltar no tempo, devia ser mesmo legal ver um time dos sonhos (como as pessoas chamam aquele time de pelé) em campo fazendo sua arte.

no mais, por ser palmeirense, o clubismo fala mais alto e não consigo ficar feliz por ver "os meninos da vila" resgatando um título histórico pro santos hahaha

sinceramente, acho que o santos perde pro barça no mundial, mas não tira os méritos de serem hoje os melhores da américa

http://songsweetsong.blogspot.com/

Paulão Fardadão Cheio de Bala disse...

ih! essas falação de futebol dão tanto no saco da gente...

Júh Sodi disse...

Olha, vou confessar que gostei do texto!
Mesmo se tratando de futebol (coisa que eu odeio) e mesmo se tratando da conquista do santos (coisa me arrancou o sono, pois moro em frente à praia, em santos)!

AssiZ de Andrade disse...

Pelé é Rei, esta acima de todos, tudo bem!
Mas o Neymar enche meus olhos. Adoro vê-lo jogar. Acredito em todas as quedas dele rsrs e depois me ferro nos replays.
Olha que nem sou santista, torço pro flamengo.
Ainda assim quero muito que ele chegue lá no Japão, no fim do ano, e dê um banho no Messi. Eu não sou de ficar torcendo pra time alheio, mas acredito mto no talento dele.

Pelé teve seu tempo, esse século vai ser de outro jogador, a disputa incial está entre Messi e Neymar. Vamos ver quem vai mais longe.

vou nessa,
Abraços!

http://redutonegativo.blogspot.com
http://cafeeagua.blogspot.com

Shirley disse...

Uma mistura do real com a fantasia, tudo é válido desde que se faça uma boa colocação é claro. obrigada pela visita e comentário, volte sempre. abraço, Shirley

kaz disse...

Bom trabalho, boas palavras!