sábado, 4 de junho de 2011

Papai Joel existe

O cara era o treinador do Fluminense quando Renato Gaúcho fez o histórico gol de barriga sobre o Flamengo, na final do Carioca de 1995; do Botafogo, quando Dimba marcou o gol do título estadual de 1997 sobre o Vasco; do Vasco, em 2000, quando Romário calou o Palestra Itália ao fazer o quarto tento da Virada do Século sobre o Palmeiras, na finalíssima da Copa Mercosul; e do Flamengo, quando o time da Gávea, numa improvável arrancada, deixou a zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro de 2007 para conquistar uma vaga na Taça Libertadores do ano seguinte.

Apenas por isso, por ter marcado a história dos quatro grandes clubes do Rio – e não só por ser bom contador de causos e alegria dos repórteres nas coletivas , Joel Natalino Santana mereceria fácil o epíteto de Forrest Gump do futebol carioca. O sujeito bonachão, paizão de muitos jogadores, enganador para os torcedores míopes, gostem ou não, está completando trinta anos de uma vitoriosa carreira como técnico.

Claro, derrotas existiram e foram daquelas inesquecíveis. Fantasmas como os de Petkovic e Cabañas ainda devem assombrar as noites de Joel. O primeiro bate aquela falta aos 43 do segundo tempo: bola no ângulo do goleiro Hélton (do Vasco) e tricampeonato para o Fla de Zagallo. O segundo deita, rola e comanda o acachapante três a zero do América do México sobre o rubro-negro em pleno Maracanã, eliminando-o da Taça Libertadores de 2008.

Mas Natalino não viveu só de maracanices. Chegou a buscar a sorte em clubes de outros estados, como Corinthians, Coritiba, Internacional. Talvez quisesse (e ainda queira) provar que não era rei de um reino só. Infelizmente, a garoa paulistana, o friozinho paranaense e gaúcho não o ajudaram, e ele só foi obter algum sucesso na Bahia, onde foi campeão com a dupla Ba-Vi. Nada como o sol e o mar a inspirar um legítimo carioca, que só goza a vida de fato se estiver de chinelos de dedo.

Capítulo à parte na história de Joel foram os meses que passou na África do Sul, à frente da seleção local. Pena ele ter sido demitido às vésperas da Copa do Mundo. Imagino como teria sido divertido vê-lo à beira do campo, de prancheta na mão e inglês na ponta da língua, na competição mais importante do planeta, dividindo holofotes, microfones e afins com alguns treinadores europeus, engravatados da cabeça aos pés...

Por falar em holofotes, microfones e afins, o técnico tem estado bem longe deles. De folga e bermuda desde que deixou o Botafogo (onde levantou mais um caneco estadual, em 2010), Papai Joel parece não ter pressa de voltar à velha rotina de treinos e jogos. Sabe que mais cedo ou mais tarde um filho querido baterá à sua porta pedindo colo...

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